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Asperbras inicia produção de energia por biomassa, diz José Maurício Caldeira

José Maurício Caldeira, da Asperbras

Produzir energia a partir da biomassa faz parte do receituário da sustentabilidade e das preocupações ambientais, que costumam ser relacionadas ao futuro do planeta. “A novidade surge, de fato, quando uma ação desse tipo se articula a um sistema de produção industrial autossuficiente em termos energéticos”, diz José Maurício Caldeira, da Asperbras.

O sócio-diretor fala do assunto com a experiência de quem está à frente de um projeto inédito que o Grupo Asperbras irá colocar em prática nos próximos meses. Trata-se da usina de biomassa de Guarapuava (PR), que vai gerar eletricidade para alimentar uma fábrica de placas de MDF, material elaborado com fibras de madeira e usado na indústria de móveis. Detalhe: a energia será produzida a partir dos resíduos da própria fábrica, partes da madeira que não são aproveitadas no processo produtivo.

A unidade industrial em questão está prestes a entrar em funcionamento, em Água Clara (MS). Ela irá processar o eucalipto plantado em fazendas do Grupo Asperbras, localizadas na região de Guarapuava, centro-sul do Paraná.  Os resíduos não aproveitados, como galhos, raízes, toras finas e a copa das árvores, serão utilizados como lenha para alimentar as caldeiras da usina, que vai gerar inicialmente 7.200 MW de energia elétrica, mas com capacidade para 10.000 MW.

O sócio-diretor José Maurício Caldeira, da Asperbras, um dos idealizadores do projeto, explica em entrevista que essa iniciativa foi colocada em prática a partir de uma perspectiva sustentável. “A geração em Guarapuava tem capacidade igual à estimativa de necessidade de energia que teremos para produzir MDF”, pontua o executivo.

Caldeira é um dos principais estrategistas da Asperbras, que surgiu há 50 anos, em Penápolis, interior paulista. Inicialmente dedicada à produção de tubos e conexões, expandiu suas atividades com filiais na Europa e África, em uma atuação que vai do agronegócio à indústria de PVC, passando pela rotomoldagem; tecnologia industrial e construção; geologia e mineração; empreendimentos imobiliários; concessionárias de veículos, até chegar aos painéis de madeira certificada. Confira abaixo os principais pontos da entrevista.

Como surgiu a decisão de construir uma usina de energia gerada por biomassa?

A Asperbras tem em seu plano de investimento propostas para trabalhar com o eucalipto, porque há fazendas da família dos acionistas em uma região onde ele se tornou preponderante. Nossa ideia inicial era fornecer celulose para os players que se instalaram na região. Começamos a estudar a viabilidade de negócios com a agregação de valor à produção, o que nos levou a um estudo sobre fabricação de MDF, que acabamos desenvolvendo em Água Clara (MS). Mas, dentre os projetos apresentados, havia o de geração de energia por biomassa. Surgiu a possibilidade de investimento em Guarapuava, o que nos fez refletir sobre a responsabilidade ambiental, uma das premissas da estratégia do Grupo Asperbras. O desenvolvimento dessa planta, com matriz energética baseada em resíduos da fábrica de MDF, foi uma grande oportunidade. Havia uma usina inativa, que utilizava justamente rejeitos de eucaliptos e pinus, com baixos índices de poluição. Adquirimos essa usina e estamos fazendo toda a remodelação para buscar maior potencialidade de geração termoelétrica. A potência dela é igual ao nosso déficit em Água Clara. Sem dúvida, isso foi um dos pontos que nos fizeram olhar com bons olhos o negócio e nos incentivaram a tomar essa decisão.

Quais são as vantagens na produção de energia de biomassa no Brasil?

Eu não sou expert em geração de energia, mas, pelo que estudamos, o Brasil tem uma abundância de terras e de matéria prima para isso. A maior geração de energia de biomassa vem hoje da cana de açúcar. E nosso país tem a melhor tecnologia e produtividade no segmento sucroalcooleiro. Quando entramos no setor de eucalipto, observamos que há muitas áreas que podem ser desenvolvidas. Na produção para a indústria moveleira existe o resíduo. No caso de Guarapuava, colocamos em operação uma usina que está localizada em uma região muito grande de fábricas de móveis e usamos o resíduo dessa produção para gerar energia.

Como essa geração de energia será utilizada em uma empresa do próprio Grupo Asperbras?

A energia é uma commodity hoje, comprada e vendida em um mercado específico. Você faz contratos pelo seu potencial de consumo e, às vezes, tem que vender excedentes ou comprar aquilo que falta. A planta de geração de energia em Guarapuava tem capacidade igual à estimativa da necessidade que teremos para produzir MDF, na fábrica da GreenPlac, nossa unidade de produção de painéis de madeira, que será inaugurada no início de 2018. A energia que venderemos ao mercado equivale ao que compraremos para produzir MDF. O que nós temos é um hedge de produção. E temos como agregar valor à essa produção. Possuímos, também, outros investimentos na área florestal, o que nos dá possibilidade de pensar em novas plantas industriais, nascidas de greenfields. Temos estudos para isso, no Mato Grosso do Sul, e temos equipamentos excedentes, já adquiridos pela Asperbras Energia. Olhamos para o futuro pensando em uma instalação, provavelmente próxima do local onde geramos a matéria prima, que são as florestas de eucalipto. Mas também operamos outras plantas industriais, como o negócio de tubos e conexões, no qual compramos energia no mercado. Então, estamos olhando para um novo business para o grupo, que nasceu a partir da necessidade de consumo em Água Clara. E, por ser sustentável, por ser biomassa, de uma base de matéria prima que é a mesma que geramos, nos faz mirar o futuro. Vemos hoje o nascimento de uma nova unidade de negócios do Grupo Asperbras.

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