Car Of The Year 2013 – Robb Report
Como é andar em um carro de quase R$ 1 milhão?
Audi S7 Sportback
Preço no Brasil: R$ 500 mil
Lembra da primeira aula da auto escola? Quando o instrutor diz, antes de você ligar o carro, para checar espelhos retrovisores, inclinação do banco e cinto de segurança? Aqui é um pouco parecido, mas eleve o nível da tecnologia a bordo. Lothar é cuidadoso. Ele mostra como funciona o dispositivo que projeta informações como velocidade e instruções do GPS no para-brisa, o visor infravermelho e os modos de direção, que permitem ao motorista personalizar sua experiência no comando do automóvel.
Tirado o freio de mão – que é uma pequena (pequena mesmo) alavanca do lado esquerdo do câmbio –, é hora de acelerar este alemão de 420 cavalos. Dentro do condomínio, o limite é de 30 km/h, já no circuito montado, vai até onde o carro – e sua prudência – chegar. A resposta do S7 é imediata e assustadora. Em poucos segundos o carro atinge os 100 km/h, sem muito esforço, apesar das quase duas toneladas de peso.
Não serve como justificativa, mas o desempenho do Audi desconcentra a ponto de você errar o traçado de algumas curvas e fazer pequenas barbeiragens. A direção é macia, detalhe ressaltado por Werninghaus, que avisa que vai mudar o modo de direção para “Dynamic”, o mais esportivo. A resposta é imediata: volante mais duro e até o ronco do motor se altera. Três voltas depois, o S7 volta para o estacionamento depois de acelerar até cerca de 140 km/h. Talvez não tenha sido o melhor carro para estrear a rodada de testes drive.
MINI Paceman
Preço no Brasil: R$ 140 mil
O próximo da lista é o MINI Paceman, recém-chegado ao Brasil. Depois de andar no S7, testar o mais novo lançamento da marca queridinha de muitas pessoas é uma experiência mais “pé no chão”. Com linhas que lembram o Range Roger Evoque, o Paceman não tem muitos segredos na hora de dirigir – nem as quatro janelas abertas mais o teto solar são capazes de te desconcentrar. O “instrutor” Christian Zittlau, que também é analista do grupo, parece curtir uma das inúmeras voltas que está acompanhando, passando alguns detalhes do carro entre uma curva e outra. O uso das borboletas atrás do volante é algo novo para quem está acostumado com um câmbio manual há pouco mais de três anos, mas não tem segredos: é como andar em um simulador de um parque indoor.
Citröen DS3
Preço no Brasil: R$ 79 mil
Entre carros de mais de R$ 500 mil, o Citröen DS3 parece um patinho feio. O interior é, de longe, o mais simples de todos, mas ali não há rodeios. Sem botões para dar a partida no motor, o DS3 é ligado na boa e velha chave. O câmbio manual garante a familiaridade para quem está acostumado, principalmente com carros franceses. Com pouco mais de uma tonelada e motor turbo de 165 cavalos, o pequeno compacto esportivo francês se mostrou o mais divertido nas pistas, dando liberdade ao motorista de conseguir alguns ruídos dos pneus nas curvas.
Não bastasse a diversão de andar com o DS3, o instrutor Jeremie Martinez, francês de nascença e “brasileiro” por opção, conta um pouco da sua história durante as três voltas pelo condomínio de alto padrão. Martinez conta que já era da Citröen quando morava na França e que após ter seu pedido de trabalhar no Brasil negado, pediu as contas e veio para cá com mala e sem emprego. Há cerca de quatro anos no País, ele já domina o português – mostra apenas um leve sotaque do Velho Continente –, é casado com uma advogada brasileira e como comprovou, voltou para a empresa de origem, agora por aqui, onde sempre quis. Teste encerrado, Jeremie já inicia algumas negociações para que o DS3 encontre um novo dono, mas elas não fazem parte do relato.
Lexus IS 250 F Sport
Preço no Brasil: R$ 187 mil
Único representante japonês – além dos outros Lexus – o IS 250 F Sports é o que há de mais esportivo na divisão de luxo da Toyota, tirando o LFA. Assim que você senta no sedã, a impressão é de que o banco, em concha, te abraça, e a posição, junto com o ângulo do volante, te dá uma sensação de carro de corrida – sem mencionar que a refrigeração evita que você fique com as costas suadas depois de andar a 140 km/h pelas ruas de um condomínio residencial. Já o freio de mão fica em um discreto pedal acessível ao pé esquerdo do motorista. É apertar fundo para liberar.
Acelerar a máquina japonesa da Lexus é pura diversão com um toque de meditação. O instrutor Renato Falcão chama atenção para o isolamento acústico do carro, de forma que por mais que o teste tenha ocorrido com a versão esportiva do sedã, com motor 2.5 24 válvulas de 208 cavalos de potência, o ruído no interior é quase nulo. Uma pisada um pouco mais feroz lembra todos a bordo – Jeremie, da Citrôen, acompanhou a volta do iG – que não se trata de um carro tão dócil assim. Assim que o IS 250 é desligado, o banco e o volante se retraem, dando espaço para o motorista sair sem dificuldades – talvez seja assim que o Capitão Kirk se sente quando sua poltrona da USS Enterprise se mexe sozinha. O contraste fica mesmo por conta do relógio analógico no painel.
Maserati Quattroporte GTS
Preço no Brasil: R$ 925 mil
Os testes já haviam sido encerrados quando Ney Tessari, responsável pela comunicação corporativa do grupo Via Italia, avisou que o Maserati Quattroporte estava disponível para uma volta. Lançado no Brasil no primeiro semestre, o sedã de luxo italiano é uma barca – no bom sentido –, e isso é percebido logo ao manobrar o carro. O peso está distribuído proporcionalmente com 50% na dianteira e 50% na traseira, mas é possível ouvir os estalos dos painéis de madeira abaixo com as quase duas toneladas do carro.
Nas pistas, fica a dúvida se é melhor andar no Maserati como motorista ou esparramado – confortavelmente – no banco de trás. O interior, com estofado em couro creme, é puro requinte, e até o tridente, símbolo da marca italiana por conta de Netuno, deus romano do mar, salta aos olhos de quem vê a poucos centímetros de distância. Andar em cima de 530 cavalos de potência e quase R$ 1 milhão te deixa um pouco mais conservador, quase que sem querer. Por ser um veículo caro e com um aspecto de “tiozão”, a impressão é a de que você toma mais cuidados nas curvas, não pisa tanto quanto o carro gostaria, e talvez não seja essa a sensação desejada quando se compra um “carro dos sonhos”. Nesse ponto, o Citröen e o Lexus cumpriram melhor a função, por muitos reais a menos.
Fonte: Deles Auto (IG)